Após desbloquear todos os personagens, finalizar o jogo com todos eles (incluindo os de DLC), fazer suas grandes missões e completar todas as conquistas do jogo, eu finalmente senti estar pronto para analisa-lo, esperei chegar até esse ponto não por ele ser complexo ou algo do tipo, mas porque eu não queria deixar nenhum dos diversos pontos maravilhosos desse jogo de fora.

Começando pelo ponto mais simples do jogo, a história que parte de uma premissa bem básica. A cidade caiu nas mãos de um prefeito ditador e por isso uma organização secreta conhecida como “A Resistência” surgiu para tirar o prefeito do poder e trazer a paz e prosperidade de volta à cidade. O jogador faz parte dessa resistência e cabe a você tomar o posto de prefeito, seja de forma legal ou não. É claro que a história não é o foco do jogo, e nem precisa ser, Streets of Rogue é um jogo que não se leva a sério, seus diálogos e possibilidades provam isso, portanto a “falta” de história é compensada por todo o resto.

A trilha sonora deste jogo é excelente, não é raro me ver ouvindo uma ou duas músicas do jogo enquanto faço outra coisa, ainda que algumas melodias sejam semelhantes, elas também são empolgantes e dão o clima certo para o jogo, mas ao invés de eu ficar falando aqui o porquê delas serem tão boas, eu vou mostrar as minhas duas preferidas.

https://www.youtube.com/watch?v=TbsDC2RbTlc&ab_channel=CraigBarnes-Topic
https://www.youtube.com/watch?v=xgO8fKX1jPY&ab_channel=CraigBarnes-Topic

Como eu disse antes, você precisa tirar o prefeito do poder, e para isso você deve atravessar a cidade que é dividida em cinco distritos sendo que cada distrito tem três partes, começando por favelas e indo até a vila do bendito prefeito. Entre cada área, você tem objetivos específicos que devem ser completados antes que você possa prosseguir para a próxima, e é aí que Streets of Rogue se prova ser um jogo complexo que se define em possibilidades. Veja bem, ele não é complexo por ser difícil de jogar, muito pelo contrário, seus controles são simples e intuitivos, quando eu digo que ele é um jogo complexo, eu falo das diversas alternativas que você tem para completar seus objetivos, digamos que você precise neutralizar um cientista, você escolhe como fazer isso! Não quer sujar as mãos? Contrate um mendigo para fazer o trabalho sujo por você. O cientista é um sádico que pratica experimentos em Gorilas? Pois os liberte para que possam obliterar o cientista. O cientista tem seguranças demais? Envenene os tubos de ventilação com cianeto ou algum outro químico. Eu citei apenas três possibilidades, mas garanto que existem muitos outros artifícios dos quais você pode usar para completar as tarefas que lhe são dadas. Além dos objetivos principais, o jogo possui missões opcionais que podem dar recompensas variadas para o jogador se completadas.
O jogo possui vinte e seis personagens jogáveis, cada um com habilidades, desvantagens e estilo de jogo diferentes, como a própria descrição do jogo diz, você pode ser um soldado que atira primeiro e pergunta depois, um gorila em busca de resgatar outros gorilas vítimas de experimentos nefastos por cientistas ou então um zumbi pronto para começar seu próprio mini apocalipse. O personagem jogável recebe experiência por cada ação realizada e consequentemente sobe de nível, caso o jogador suba de nível, no final da área ele poderá adquirir uma nova característica para lhe ajudar em sua longa jornada de oposição ao prefeito.
Os personagens possuem também suas “Grandes Missões”, essas missões são únicas para cada personagem e são feitas conforme você progride através dos andares, a missão do personagem “Mendigo”, por exemplo, é se tornar um cidadão de “alta classe” e para isso ele tem que fazer depósitos de dinheiro em caixas eletrônicos a cada área que ele passa. Essas missões dão um alto valor de rejogabilidade ao jogo, e se completadas, garantem novas habilidades para o personagem em questão.
Se essa quantidade exorbitante de personagens não é o suficiente para você, o jogo ainda possui uma DLC que amplia a gama de escolhas, trazendo seis novos personagens, totalizando trinta e dois até agora.
O título é um “Roguelike” e, portanto quando seu personagem morre é de forma permanente, se você morrer, terá de recomeçar do primeiro distrito com um novo personagem, perdendo todos os itens adquiridos durante a vida anterior, mas mais experiente e preparado como jogador. Nem todo o progresso é perdido quando você inevitavelmente falece, quando você sobe de nível com seu personagem ou conclui uma missão opcional, você ganha Nuggets de Frango (Nuggets de Frango foram banidos pelo prefeito, pois um dia causaram nele uma forte dor de barriga e, portanto se tornaram um item raro e cobiçado na cidade) que podem ser trocados por novas recompensas futuras por missões, novas características para quando você sobe de nível, itens iniciais e muito mais.

O jogo realmente pode ser difícil em algumas áreas, especialmente se você não conseguir os itens certos ou úteis para te ajudar. O jogo é um “Roguelike” e, portanto é natural que você morra e aprenda com cada vida que viveu, com um pouco mais de experiência você se verá superando as mais adversas situações que pareciam impossíveis quando você começou. O jogo não tem mortes injustas, toda a vez que você falhar será por culpa sua, talvez você não tenha analisado com cautela o ambiente a sua volta ou talvez você só tenha escolhido uma batalha que não poderia vencer.

O jogo não impressiona visualmente, ele não tem gráficos ruins, é uma “pixel art” bem feita, apenas não tem nada de mais e eu diria que cumpre o seu papel.

Streets of Rogue se tornou um dos meus jogos favoritos de todos os tempos não por ter os melhores gráficos, jogabilidade ou a melhor narrativa, mas sim por mesmo após quase cem horas de jogo, ainda conseguir me cativar e surpreender com seu mundo reativo e suas possibilidades, o fator rejogabilidade neste jogo é estrondoso e eu consigo facilmente me ver daqui a alguns anos voltando para jogar esta obra prima.