Falar sobre este jogo se torna uma tarefa devidamente complicada para minha pessoa. Não me leve a mal, mas analisar este jogo se torna quase impossível em poucas linhas que nos são disponibilizadas aqui na Steam. Isso se deve ao motivo mais simples que torna este título único para mim: o amor que tenho por ele.

O que torna The Witcher 3: Wild Hunt tão especial? Bem, depende. Talvez sejam as inúmeras tramas políticas dentro do seu universo gigantesco. Talvez seja o nosso protagonista, que é de uma complexidade enorme. Talvez suas questões sociais, seus personagens secundários tão complexos quanto o protagonista, sua mitologia ou seu incrível mundo aberto, lotado de possibilidades e incrivelmente bem construído. Eu não sei... O sentimento que tenho com este jogo é de puro amor pelo seu contexto geral, e não por apenas um detalhe a mais em todo seu universo magistralmente construído. É o conjunto da obra, eu diria.


De fato, The Witcher 3 não se apoia apenas nos seus belos cenários, nos seus incríveis gráficos ou questões do tipo. É claro que esses fatores só acabam por embelezar a obra como um todo. Mas, na minha experiência como jogador, isso vai além de qualquer aspecto técnico ou de design. Vai muito além...

É algo que, dentro da minha memória como jogador, eu não tenho como medir, classificar ou qualquer outra coisa do tipo. Acredito que a viagem de Geralt (e nossa) pelo universo de The Witcher é algo muito mais do que simplesmente técnico. É algo para se sentir, para se apreciar. No fundo, é algo sobre seus protagonistas, ou sobre os sentimentos dele e das pessoas que o cercam. É sobre nós. Sim, eu ou você que está, neste momento, jogando e apreciando esta bela obra de arte.


The Witcher e, principalmente, Geralt, na minha visão, se apoiam na construção impecável deste personagem. Na sua luta por encontrar sua "filha", na sua maneira de lidar com as diversas questões que são impostas a ele durante toda a nossa jornada. É sobre um protagonista que procura seu lugar no mundo, seguindo seu coração, mesmo que as mutações e o impiedoso mundo ao seu redor tentem restringi-lo a não procurar por este caminho. Mas nem sempre a espada ou a força resolvem todas as questões. Às vezes, o amor é a única saída, e é neste conflito que a história de Geralt, em busca de sua paz interior, se desenvolve.

Se, por um lado, vemos um Geralt inexpressivo, como uma rocha, aos poucos, com a ajuda da narrativa, encontramos um Geralt com sentimentos, com vontade de procurar seu lugar ao sol e a lutar por aqueles que ele ama. Seja seu amigo incansável, Dandelion, seja sua filha adotiva, Ciri, seja sua dualidade no amor entre escolher o coração de uma das duas damas com personalidades totalmente opostas: Yennefer e Triss. Também sem esquecer quem vamos encontrar ao longo deste mundo gigantesco que é o universo de The Witcher. Suas histórias, seus personagens secundários e a busca de Geralt para tentar ajudar, de alguma forma, a todos naquele mundo.

Geralt, no fundo, é genuíno... É emotivo e não uma rocha, como demonstra ser fisicamente. No final, é um homem em busca de tudo isso: do amor, do seu lugar de descanso entre a derrocada de uma criatura ou outra. É, finalmente, descansar com sua amada para todo sempre.


Eu poderia ficar falando de todo aspecto técnico de The Witcher (que, por si só, é impecável), mas não... Não precisamos, e eu preciso falar do que é realmente importante para mim como jogador. Apenas isso. Para aspectos técnicos, fiquem com outras reviews. Aqui, é meu sentimento como jogador desta obra incrível que é The Witcher.

Há pouca coisa melhor do que se aventurar pelas paisagens do seu universo. E eu não digo se aventurar no sentido de sair fazendo missões principais, secundárias, contratos e por aí vai. E sim, pelo simples motivo de pegar seu cavalo e sair vendo detalhe por detalhe da paisagem incrível que é este jogo. De sentir o cavalgar, de ver as pessoas e sua forma de vida, de saber que todas ali têm seu propósito neste mundo. De encontrar feras e inimigos em cada canto do mapa, de lutar sem precisar ser por uma missão, ou de ouvir as histórias das pessoas sem precisar ser em uma missão. É tudo isso. É o conjunto da obra... É vivenciar este mundo sem pressa, sem vontade de fazer uma única missão. É pelo simples motivo de apreciar as paisagens de Novigrad, de Toussaint e por aí vai. É sentir a imersão total em sua pele junto a Geralt.

É ver o cair da noite, a chuva, os mares. É ver a penumbra se alastrando entre as nuvens carregadas. É ver a caçada chegando. É ver como o mundo inteiro funciona com uma beleza inimaginável, nunca vista antes, com total vida. Seja dos seus habitantes, seja das suas criaturas, seja das histórias que cada um tem para contar.

E quando o sol começa a surgir no horizonte, uma batalha se aproxima. E, como sempre, Geralt vai ganhar, porque é o que sempre foi proposto a ele. É a história dele, e é assim que o destino quer que seja.


No final das contas, a batalha de Geralt nem sempre é com as feras, mas com seu coração. É a batalha entre salvar um ente querido, uma pessoa qualquer precisando de ajuda. É a busca por sua filha adotiva. É fazer o que seu coração manda.

E tudo isso é só possível pelo mundo aqui criado. Tudo, absolutamente tudo, faz sentido. Desde seus traços, suas planícies geográficas, as mais de duas mil portas que não são possíveis de Geralt acessar, mas que servem com o único intuito de ser as portas das pessoas que vivem naquele lugar. Elas têm sua rotina, elas vivem realmente dentro daquele mundo. Não é fachada, não é algo só por estar ali. Desde Novigrad a Toussaint, são paisagens que destoam uma das outras. Onde, em um lugar, as pessoas são totalmente diferentes das outras, mas nem por isso cada lugar não seja de uma beleza encantadora, da sua forma, dos seus moldes.

Ou seja, até mesmo seu mar, as ondas, os vendedores de cada local, o ritmo de cada local, os pinheiros, os vilarejos mais afastados com seus habitantes e sua forma de ver o mundo ao seu redor. Seria complicado colocar em uma pequena análise tudo que você pode presenciar nesta maravilha.

Apenas aprecie tudo. Desde o por do sol, desde a chuva, desde as ondas, desde os habitantes e sua complexidade impecável. Ou até mesmo andar com seu cavalo enquanto ouve uma das melhores trilhas sonoras já vistas nos videogames. Onde tudo neste mundo faz sentido, só nos resta apreciar.


The Witcher é uma viagem emocional, do fundo da alma mesmo. E que, quando chega ao fim, é como olhar a um filme do qual lhe marcou muito, ou até mesmo uma série ou livro. É aquele sentimento de missão cumprida. Porém, com um sabor agridoce no coração. É o sentimento puro de dever cumprido, mas também o sentimento de que talvez tudo sofrerá de tal comparação com esta obra impecável. É a sensação mais pura de que não é apenas um jogo. É uma viagem, uma descoberta incrível e um forte agradecimento ao criador desta obra e à CD Projekt Red por me deixar vivenciar toda esta jornada.

The Witcher 3, assim como toda sua obra desde o início, é aquilo do qual dificilmente viverei em uma época mais próxima com videogames. Me marcou muito, de verdade. E entrar em aspectos técnicos seria chover no molhado.

Porém, minha aventura neste mundo ainda não acabou... Eu ainda tenho criaturas para encontrar, pessoas para conhecer, histórias para contar e outros finais para descobrir. E este, este é só o começo.

Mas, por enquanto, Geralt finalmente encontrou sua paz com sua amada em um belo vinhedo em Toussaint.