Apesar do visual, não se engane, esse é definitivamente um jogo +18 por abordar assuntos como depressão e suicídio. OMORI faz isso de forma respeitosa e com cuidado, mas considere essa informação antes de jogar, caso seja uma pessoa sensível aos temas.

Descrever minha experiência com OMORI é muito difícil porque ele é uma constante montanha russa de emoções. Num momento ele te deixa confortável e até te faz rir, e no outro te faz chorar de tão triste que você fica quando vai entendendo a história. É realmente impressionante como OMORI consegue te fazer sentir o que ele quiser, sempre no momento certo. Vou dar o meu melhor aqui pra expressar o máximo possível o porquê OMORI é tão bom a ponto de ter entrado na lista dos meus jogos favoritos, sem spoiler, como sempre, pode confiar.

OMORI é aparentemente um jogo inofensivo muito por conta da sua arte e trilha sonora que são extremamente cativantes (vou falar melhor sobre isso mais pra frente), mas nas primeiras horas de gameplay você já percebe que tem algo errado mas não sabe dizer o que exatamente. O jogo carrega um mistério impressionantemente bem até o final, te dando pistas suficientes pra te manter curioso mas não te deixando ligar os pontos totalmente. Assim, ele te segura tão bem que você nem percebe o tempo passar enquanto joga.

Apesar de bonito, não podemos esquecer que estamos falando de um jogo de terror psicológico. OMORI tem vários momentos de tensão e alguns desses te pegam tão de surpresa que podem até te tirar um susto sincero. As feições dos personagens, o design dos inimigos, os diálogos e principalmente a trilha sonora são impecáveis. Tudo isso junto te passa uma sensação enorme de desconforto e até desespero. O objetivo desse jogo não é te assustar ou te dar medo, mas sim te deixar desconfortável em momentos da história em que ele precisa que o jogador fique mais emocionalmente vulnerável para que a próxima informação tenha um impacto ainda maior no seu psicológico. A ambientação de terror desse jogo é simplesmente magnífica em todo momento que aparece. Pra quem não me conhece eu sou amante de terror e posso dizer com tranquilidade que essa foi uma das melhores ambientações que já vi em jogos, mesmo ele não sendo terror 100% do tempo.

O estilo do jogo é de RPG com sistema de batalhas em turno porém com uma ênfase muito grande na história. OMORI não quer te manter preso num inimigo por muito tempo e sim que você avance e entenda o que está havendo, o que não faz dele um jogo muito desafiador em questão de lutas. Ele quer sim que você entenda o quão importante é um personagem, mas não pela surra que ele vai te dar e sim através de diálogos e ambientações.

Pra explicar o sistema de batalha eu vou comparar um pouco com Pokémon e Chrono Trigger. Em OMORI você também batalha com inimigos e, assim como em Pokémon, um tipo tem vantagem em outro. No caso, aqui isso é representado por emoções, por exemplo: Um personagem que está feliz tem vantagem num que está com raiva, que por sua vez tem vantagem no que está triste. Não é complexo, o jogo explica direitinho e se você já jogou Pokémon é mais fácil ainda. A comparação com Chrono Trigger é porque, em OMORI, você também consegue enxergar os inimigos no mapa e pode escolher engajar ou não na batalha.

Puxando o gancho do diálogo, aqui você DEVE ler todas as conversas e descrições de itens com atenção para entender a história. Você joga com um menino (uma criança), chamado Omori e explora o mundo onde é colocado pra entender o que está acontecendo. Nesse caminho você acaba encontrando com seus amigos, outras 5 crianças que falam com você o tempo todo, e eu devo dizer que a construção de personagem em OMORI é impecável. Cada um tem sua personalidade única, seu jeito de falar e se expressar. O jogo faz com que você goste muito de todos eles e se importe com cada um. Cada escolha nesse jogo me fez pensar não só no meu bem estar, mas também fez me preocupar com o que aconteceria com os amigos do Omori caso eu escolhesse fazer tal ação. É absurdo.

Falando um pouco da trilha sonora, essa é extremamente marcante. Todas as músicas se encaixam perfeitamente no cenário que você está e representa a emoção que o jogo quer te passar naquele momento. OMORI é um jogo muito triste e emotivo, apesar de ter seus momentos descontraídos e até engraçados. Em todos esses momentos extremamente diferentes, o jogo apresenta uma trilha que se encaixa perfeitamente com a cena, personagem ou situação. Digo até que não só a trilha sonora, mas todo som e barulho que você ouve nesse jogo soa milimetricamente calculado. É simplesmente impecável o trabalho de áudio que fizeram nesse jogo.

OMORI é um jogo profundo, triste, trágico e depressivo, mas ao mesmo tempo consegue ser bonito ao te contar sobre amizades e bons relacionamentos. É simplesmente emocionante e te prende do começo ao fim com personagens super interessantes e interativos e uma história muito bem construída, contada e sustentada com perfeição pelos personagens e ambientes que você interage.

Joguei o jogo inteiro pelo Steam Deck e roda liso, sem surpresas. É um jogo extremamente leve. (Atente-se pois OMORI infelizmente não possui save nuvem, então nada de revezar jogando no PC e continuar no Steam Deck depois e vice-versa)