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Posted: 5 Jul, 2024 @ 12:10pm

DISCLAIMER: análise longa e sincera de alguém que acha que esse jogo foi massacrado injustamente no seu lançamento. Pegue um lanche para acompanhar.

Sou um grande fã de jogos survival horror desde o lançamento do Resident Evil 1 de PS1 em 1996. Desde então, joguei quase tudo que surgiu do gênero nesses quase 30 anos que se passaram e nas inúmeras fases de altos e baixos em que os jogos de horror de sobrevivência sofreram. O gênero estava em decadência a muitos anos, apenas com The Last of Us exclusivo no Playstation e a franquia Resident Evil lançando algo no PC alterando entre jogo bom e jogo ruim, variando qual é o bom e qual é o ruim de acordo com o gosto pessoal de cada fã, sem outras franquias consagradas lançando nada e nem mesmos IPs novas surgindo para sanar a vontade de joguinho de matar zumbi. Até que, depois de muitos anos de abandono do survival horror, no período entre o final de 2022 e o final de 2024, aconteceu um surto de delírio coletivo na indústria e, por coincidência ou não, houve um revival do gênero com inúmeros lançamentos, trazendo franquias novas, como também, muita coisa antiga de volta para a prateleira.

The Callisto Protocol foi o jogo que abriu esse surto de revival ao final de 2022, seguido depois por Dead Space Remake, Resident Evil 4 Remake, Alan Wake 2, o remake de The Last of Us para PC, um reboot de Alone in the Dark e finalizando com o Remake de Silent Hill 2, entre outros títulos menores que não vou lembrar aqui. Teve um lançamento conturbado, avaliações muito negativas, muitas reclamações a respeito de otimização e desempenho, mas será se o jogo é tão ruim assim mesmo ou é um jogo injustiçado?

O jogo é nitidamente inspirado na franquia Dead Space, com temática de terror espacial, HUD limpo onde as informações de vida, munição e poderes do personagem ficam no próprio boneco, equipamento de gravidade para manipular itens e inimigos, e talvez as semelhantes parem por aqui, porque de resto ele é um jogo muito diferente.

Ele possui gráficos mais bonitos que o Dead Space Remake, realmente parece um jogo de nova geração - enquanto o concorrente ainda parece um jogo de geração passada polido para a atual - tem cenários mais detalhados, melhores animações dos personagens entre movimentação, uso de itens, interação com itens e cenários. Também possui um combate mais coreografado, mais bonito e com animações melhores, seja no combate de tiro ou no corpo a corpo.

Dead Space Remake segue um modelo de survival horror clássico com backtracking, onde existe um cenário livre, que é uma nave, para se explorar com locais inacessível na primeira vez que o jogador passa por eles, sendo necessário adquirir algum item ou habilidade mais para frente no jogo e depois retornar a esses locais antes bloqueados para dar continuidade ao jogo. Possui um mapa para o jogador poder consultar quais locais já visitou ou não, como também um sistema que traça uma linha no chão mostrando o caminho até a sala objetivo para o jogador não se perder no cenário repetitivo que é natural de uma nave colonial. Esse estilo mais livre é o meu preferido, mas confesso que no Dead Space Remake certas vezes ficou chato porque não existe muitos motivos e recompensas para voltar e explorar tudo. O jogo também possui safe rooms com maquininha de save onde o jogador precisa ir lá pessoalmente salvar, fazer upgrade nos equipamentos com o loot que vai se pegando e gerenciar o inventário e baú. Nesse sentido, o Dead Space Remake é um jogo muito semelhante ao o que Resident Evil 2 Remake nos entrega.

Já The Callisto Protocol é um jogo de ação linear com elementos de survival horror. Ele é mais semelhante ao modelo apresentado em The Last of Us, onde a história é linear, não há liberdade para ficar voltando em locais que já focam explorados em partes anteriores do jogo, mas ainda assim o jogador vai encontrando um pouco de loot pela jornada e de tempos em tempos acaba encontrando uma mesa de trabalho para fazer upgrades nas armas e equipamentos. Os saves são feitos através de checkpoints, e não manualmente pelo jogador na máquina de save. Não possui mapa para olhar porque não se fica voltando em nada, mas, apesar de linear, as vezes possui algumas coisas de cenário para resolver como forma de poder avançar para a próxima parte. O foco inteiro é na história, com poucas distrações relacionadas a exploração. Como eu acredito que não deve existir ninguém no mundo que tenha a cara de pau de dizer que The Last of Us é um jogo ruim só por ser linear, acredito também que não é justo condenar The Callisto Protocol pelo mesmo motivo, basta o jogador saber regular as expectativas e saber que são jogos com temáticas parecidas, mas propostas diferentes.

Em relação aos problemas de desempenho eu não tive nenhum. Só fui jogar cerca de 1 ano e meio depois do lançamento, em 1080p, RTX desligado, iluminação e sombras volumétricas no médio e todo o resto no máximo. Nessa configuração o jogo ficou lindo e manteve sempre o FPS acima dos 100 em locais mais tranquilos e acima dos 80 em locais com muita partícula e volumetria na tela. Meu hardware é Ryzen 7 5700x, RX 6700XT, 32gb de RAM e SSD sata normal. Acredito fortemente que pelo menos metade de todas as avaliações negativas por causa de desempenho que o jogo sofreu no lançamento possam ter vindas de gente com hardware inadequado, gente querendo forçar RTX (que é um câncer no desempenho) em setup que não suporta e até mesmo gente instalando o jogo naquele HDD antigão.

A única coisa que me incomodou durante todo o gameplay é a quantidade exagerada de paredezinhas apertadas e dutos de ventilação que o personagem precisa passar para mascarar o loading das próximas áreas. Existem partes absurdas onde se passa por uma paredinha, dá 5 passos e precisa passar por outra paredinha. Um verdadeiro paredinha simulator. Acredito que isso ocorre porque o jogo foi lançado nos consoles para a geração antiga e para nova (PS4/XONE e PS5/XSeries respectivamente), e como a geração antiga de consoles não possui SSD, tiveram que exagerar nos loadings mascarados por causa da velocidade lenta de carregamento da geração passada. Muito provavelmente esse jogo seria muito melhor nesse aspecto caso fosse lançado apenas para a nova geração.

Na média geral o jogo é muito bom, obviamente não vale o preço cheio – raras exceções valem – mas podem comprar com tranquilidade quando estiver ali pela faixa dos 50 a 60 reais na versão Deluxe que vem os DLCs juntos. O jogo base é vacilão e deixa um final aberto, mostrando a real conclusão da história só no DLC.

Muito obrigado para quem acompanhou até aqui. Fim da palestra.
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