Mabecko
Pedro Timóteo   Portugal
 
 
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Review Showcase
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O primeiro Dishonored mereceu totalmente ser considerado 'Jogo do Ano'. Quando voltou a ser lançado para a PS4 como a 'Definitive Edition', merecia também ser considerado 'Definitivamente Jogo do Ano', ou coisa parecida... Qualquer que seja o ano em que comprem e/ou joguem esta série, é bem possível que ocupe um lugar de topo.

Foi portanto com grandes expectativas que comecei o Dishonored 2, mas... ao fim do primeiro nível já me estava a dar muita "motion sickness". Pensava eu, "como é que o pessoal aguenta isto nas consolas?"... Mas afinal eu é que sou burro, porque a solução é uma opção de alteração do campo de visão. Configurando esse tal FOV ao máximo, o problema desapareceu completamente. A única desvantagem é que o movimento dos braços e outras partes da personagem parece distorcido, mas isso incomoda muito menos do que vomitar a cada checkpoint.
Possivelmente isto do FOV é um facto bem conhecido, mas a grandeza da diferença que faz foi novidade para mim. Vou prestar mais atenção nos próximos jogos com visão na primeira pessoa (do singular).

Ora, o único defeito do jogo resolve-se em 5 segundos mudando as opções... O resto é uma maravilha!

À semelhança do primeiro, este jogo é do género CETIMEPANQUE (Carefully Engage The Irritable Murderous Enemies, Possibly Avoiding Noise and, Quietly and Undetected, Exit).
Passa-se num mundo em que óleo de baleia é um dos principais recursos energéticos, e também os ossos de baleia são um dos principais recursos mágicos. Coitadas.
É um jogo de acção furtiva, soberbamente complementada com poderes mágicos tais como "ir daqui para ali" ou parar o tempo.

A história leva-nos a vários lugares, com missões distintas que surgem sempre na mesma ordem, mas que podem ser completadas de diversas maneiras, nomeadamente matando tudo ou não matando ninguém, ou ainda algo no meio, matando *quase* tudo. No papel de um assassino (ou assassina), até os alvos principais podem ser eliminados de formas não letais, que tipicamente dão mais trabalho.
O jogo gaba-se de ter um sistema de "Chaos", segundo o qual as nossas decisões (letal / não-letal) afectam o mundo em redor. Para além disso, há achievements para cada forma de completar o jogo. Ainda assim, diria que mesmo sem chaos nem achievements, valeria a pena jogar e acabar o jogo várias vezes, de várias formas, para apreciar a variedade. Mesmo a opção de jogar sem poderes mágicos vale a pena experimentar.

Existe variedade em várias variáveis que podemos ir variando. Por exemplo, digamos que numa missão decidimos que vamos matar o alvo. Tudo bem, força nisso, ele/ela provavelmente fez qualquer coisa para o mercer, tipo cuspir para o chão... Mas a questão de *como* o fazer tem inúmeras soluções. A saber: à espadada, ao tiro, com granadas, com minas, com flechas, atirando do 5º andar, afogando, usando o feitiço 'Domino' para ligar a alma a outra pessoa e matar essa outra pessoa, à espadada de um nosso clone com o feitiço 'Doppleganger', atirando uma garrafa de álcool altamente inflamável, parando o tempo e desviando uma bala disparada por outra pessoa, possuindo o alvo e caminhando em direcção a uma armadilha, chamando um enxame de ratazanas para o devorar, e pelo menos 45 outras formas de homicídio...

De louvar a existência e facilidade de uso das funcões de quick-save e quick-load, bastando pausar e carregar no botão certo. Também se agradece a presença dos modos New Game + e Mission + que permite jogar e rejogar missões com todos os poderes, mesmo os da outra personagem (no modo normal, os poderes da Emily e do Corvo são diferentes)!

À semelhança da série de jogos 'Styx', repetir níveis não cansa se tivermos estratégias diferentes. Normalmente prefiro começar com uma abordagem "stealth + matar tudo", e tentar a versão não-letal quando já conheço melhor o nível. Aqui, com o New Game +, dá para fazer um estardalhaço cheio de estilo. Vejam o canal de Youtube 'StealthGamerBR', é literalmente um espectáculo.

É uma sensação rara, mas este jogo tem dado vontade de repeti-lo, mesmo tendo acabado várias vezes e completado todos os desafios essenciais (fora meia dúzia de achievements chatos)... Acho que não o posso recomendar mais que isto. Só me resta agradecer ao meu irmão que mo ofereceu!