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ℭ𝔥𝔞𝔯𝔩𝔢𝔰 𝔅𝔲𝔨𝔬𝔴𝔰𝔨𝔦
By tosk44
O som da solidão

Há uma solidão que não grita. Ela anda devagar, como os ponteiros de um relógio em um quarto escuro.
Está nos olhos baixos no metrô. Nos sorrisos ensaiados no elevador.
Está no "bom dia" automático, no toque que não toca, no abraço que nunca chega.

As pessoas estão cansadas. Quebradas em pedaços que ninguém vê.
Às vezes por amor — às vezes pela ausência dele.
Às vezes só pela vida mesmo, que pesa, mói, e não dá trégua.

E o pior não é a maldade. É a indiferença.
O jeito como passamos uns pelos outros como se fôssemos postes.
Os ricos se esfolando por status. Os pobres se afundando por migalhas.
Ninguém para ninguém. Só contra. Só por cima. Só depois.

A escola diz que dá pra vencer. Que o mundo é seu. Que basta querer.
Mas ninguém fala dos que sangram por dentro.
Dos que não passam da primeira queda.
Dos que dormem abraçados com o medo.
Dos que moram dentro do próprio silêncio.

E talvez o mais cruel seja isso:
não a ausência de companhia. Mas a ausência de toque.
De escuta. De presença real.

É possível morrer todos os dias e ainda assim continuar vivo.
Bukowski sabia disso. E talvez por isso escrevia.
Pra não apodrecer em silêncio.






Dedico a quem sente demais, mas nem sempre consegue dizer.
A quem carrega o mundo no peito e ainda assim sorri por fora.
Que esse texto te abrace quando ninguém mais conseguir. by:toska
   
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𝔓𝔬𝔢𝔪𝔞
no silêncio que ninguém ouve
mora um grito que ninguém vê
gente cheia de mundo dentro
mas sem ninguém pra se entender

um toque falta
um olhar pesa
e o relógio, sem pressa,
marca a dor de quem só reza

pra que um dia alguém chegue
e fique

1 Comments
kichi 15 Apr @ 2:38am 
:NekoWaifuSad::GunfireRebornhandsup: