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Early Access Review
The Coffin of Andy and Leyley é uma obra-prima doentia, incômoda, intensa e com a experiência mais crua existente e é exatamente por isso que ela é genial. Em vez de repetir as mesmas histórias desgastadas de “vilões assustadores” ou “monstros sobrenaturais”, o jogo mostra o verdadeiro horror: relações humanas quebradas, traumas não tratados e o amor mais tóxico, nojento e proibido que existe.
Sim, é sobre incesto. Sim, é perturbador. E sim, é desconfortável. Mas se você conseguiu sair do ensino médio e ainda acha que arte tem a obrigação de ser moralmente correta ou agradável, talvez esse jogo não seja pra você, na verdade, talvez nenhum jogo seja. Afinal, The Coffin não tá aqui pra ser “divertido”. Tá aqui pra cutucar feridas, te fazer pensar e, acima de tudo, te confrontar com o que você não quer sentir.
O relacionamento entre Andy e Leyley é o coração do jogo e o que há de mais doloroso e fascinante. Eles são irmãos, cúmplices e prisioneiros um do outro. Há amor sim, mas um amor deformado, moldado por abandono, abuso e um mundo que nunca lhes ofereceu refúgio. O jogo trata o incesto de forma brutalmente honesta: não como algo a ser erotizado ou romantizado, mas como uma consequência trágica de vidas despedaçadas tentando encontrar calor em meio ao frio, mesmo que isso signifique devorar um ao outro vivos. E é isso que faz o enredo tão impactante. Ele te força a entender os personagens, mesmo quando tudo dentro de você quer rejeitá-los. Você não precisa torcer por eles, mas vai ser difícil ignorar o quanto eles se precisam e o quanto isso te incomoda.
O terror psicológico que permeia a narrativa não vem apenas dos eventos externos, mas da constante deterioração mental e um ciclo de dependência emocional pesado dos dois protagonistas. O jogador testemunha não apenas as ações deles, mas o que se passa dentro de suas mentes como paranóias, compulsões, delírios, obsessão, tudo isso embalado por mais diálogos nojentos e doentes.
A arte visual tem um charme sombrio que lembra obras de terror experimental. O estilo pixelado, as cores desbotadas e o design dos ambientes criam um cenário sufocante, onde o incômodo se torna belo pelo peso emocional que carrega. Nada ali é feito pra agradar, é tudo feito pra impactar, tudo contribui para a sensação de decadência emocional e física dos personagens.

No fim, The Coffin of Andy and Leyley não quer sua aprovação. Quer sua honestidade. E a verdade é que o jogo só é insuportável pra quem nunca teve coragem de encarar a própria podridão emocional.

Se você saiu dele só com raiva, talvez seja porque ele disse algo que você não queria ouvir.
Posted 18 April.
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