Era uma terça-feira comum, daquelas que já começa errada porque você acorda com o despertador tocando "Rebolation". Levantei num pulo achando que era uma rave, tropecei no chinelo e dei um mortal carpado involuntário com twist carpado direto na porta do guarda-roupa. Acordei a vizinha do 402 com o estrondo.

Mas nada me abalava. Hoje era o dia. O dia em que eu ia correr igual o Sonic. Coloquei meu tênis mais leve (aquele falsificado com o símbolo da Nike virado pra baixo, parecendo um bumerangue) e parti pro parque.

Fiz o aquecimento, respirei fundo e pensei: “É agora. Eu sou o Sonic. Eu sou a velocidade.”
Corri 3 metros.
Minha panturrilha entrou em estado de greve.
O joelho fez um barulho tipo “clac”.
E a alma saiu do corpo por 2 segundos e voltou dizendo “nem eu aguento esse trampo”.

Tive que voltar pra casa mancando, com a dignidade jogada no mato. Uma criança apontou pra mim e falou: “Mamãe, olha o Sonic derretido!”