A estação de outono chegou a levar tudo embora
A neblina se espalha no ar
A terra está adormecendo, e os sonhos se despertam
À medida que a escuridão se desfaz

Do outro lado do lago, por entre as árvores
Está uma linha que nos leva até o desconhecido
Do outro lado do lago, onde as folhas viram ouro
Você pode ver sua memória refletida

Cruzando os céus de azul estrelado
Navegando através do mar sem fim
Mas talvez nossa jornada ainda esteja em vão
Nós podemos ter vindo tarde demais

Do outro lado do lago, por entre as árvores
Está uma linha que nos leva até o desconhecido
Do outro lado do lago, onde as folhas viram ouro
Você pode ver sua memória refletida....

Sou barco,
mas às vezes me sinto folha —
que dança sem rumo
no outono de mim.

O rio não pergunta,
só leva.
E eu deixo.
Por medo de remar,
ou de voltar.

As margens somem,
rostos ficam longe,
como memórias que esmaecem
em cartas molhadas de tempo.

Queria ser farol.
Queria ser vento.
Mas sou só menino,
calado e cansado,
espiando o horizonte
como quem pede perdão ao futuro.

Ainda assim,
há um instante —
entre o balanço e o breu —
em que sinto, bem fundo,
que ser perdido
não é o mesmo que ser esquecido.