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98.2 hrs on record
Uma obra-prima chamada The Last of Us

Quando criei minha conta Steam em dezembro de 2016, sempre imaginava quantos tipos de jogos diferentes eu conseguiria colecionar… na verdade, até hoje faço isso. Eu pensava em vários RPGs de ação, jogos de mistério, algumas visual novels e etc. mas se existia um jogo que eu jamais poderia adivinhar que conseguiria pegar era este. Jogar o primeiro The Last of Us é a realização de um antigo sonho meu, sério, eu sou tão apaixonado por essa franquia que virei o ano de 2023 pegando todas as conquistas que ainda me faltavam! Mas afinal, por que esse título é tão impactante? Por que entre tantos outros esse é o meu jogo favorito da vida? Tentarei destrinchar tudo a seguir.

Ele é um jogo bem linear, uma característica presente em todos os trabalhos da Naughty Dog, e nos introduz a um mundo pós-apocalíptico devastado por uma pandemia causada pelo fungo Cordyceps, cuja infecção transforma todos os seres humanos em verdadeiras máquinas de matar. Logo de cara, eu acho esse conceito fenomenal e bastante divisor em relação aos demais apocalipses que encontramos por aí. Afirmo isto pois, uma coisa é enfrentar o vírus que aniquilou a humanidade em The Walking Dead, e outra é ter que lidar com um fungo maldito capaz de soltar esporos no ar, "blindar" e também melhorar os infectados tornando-os mais resistentes e perigosos ao longo do tempo. É impressionante a forma como The Last of Us consegue tirar proveito de toda essa ideia e traduzi-la em uma gameplay bastante imersiva que, sem exageros, é uma das melhores que já experimentei… Mas calma, acredite se quiser mas ainda não falei do grande charme da obra.

Pois bem. Neste mundo devastado nós conhecemos Joel, o protagonista da história e um homem atormentado pela perda cruel que teve logo no começo da pandemia. Joel vivia tentando encontrar um verdadeiro propósito para continuar indo de um dia para o seguinte mas então ele conhece a Ellie, uma criança de 14 anos que, de algum jeito, é imune ao Cordyceps e pode ser a "salvação da mundo" caso consiga chegar até o laboratório dos Vaga-Lumes (uma organização de rebeldes que lutam contra o que restou do governo e pretende restaurar a democracia "dos nossos tempos") onde eles podem fazer uma cura. A muito contragosto (ênfase no muito), Joel aceita a missão de escoltar a Ellie atravessando os Estados Unidos até chegar no objetivo final. E é neste ponto, senhoras e senhoras, onde está o grande charme do jogo. Toda a jornada neste mundo caótico funciona como um espelho visceral do que seria nossa realidade em um contexto similar. Aqui não existe bem ou mau, certo ou errado, herói ou vilão, salvação ou condenação... só o que importa é a decisão que vai te permitir continuar respirando e, se não for por você, será pelas pessoas que você ama. São poucas as obras que trabalham algo tão forte com tamanha riqueza de detalhes e, tal característica, sem sombra de dúvidas, sempre foi o que mais me atraiu os olhos para este jogo e a franquia no geral.

The Last of Us é a história de relação "pai e filha" mais linda e bem construída que já vi. Todos os momentos, ações e até mesmo comentários sobre o mundo cruel que cerca a dupla, nós vamos entendendo e conhecendo mais sobre cada um deles na medida em que nos apegamos de forma síncrona com os próprios. Ao longo da trama, também conhecemos outras pessoas como a Tess, o Bill, o Henry e todos eles contribuem para esse balé em forma de enredo. A narrativa dá espaço para muitas situações tristes e contamos nos dedos as vezes que encontramos a dupla realmente feliz, mas é mágico o modo que o roteiro/direção do Neil Druckmann e do Bruce Straley conseguem capturar todas estas sensações de um jeito que eu só vi igual quando joguei Life is Strange. O timing do jogo, por sua vez, também é muito bem feito, provavelmente por ele ser dividido nas quatro estações do ano, a sensação que fica quando você termina de jogá-lo é de que de fato viveu um ciclo. A parte da trilha sonora então... dispensa comentários. Serei eternamente grato ao Gustavo Santaolalla por ter feito uma de minhas músicas temas favoritas e a icônica "The Path (A New Beginning)".

Em conclusão, The Last of Us é um daqueles raríssimos jogos que eu acho que todo mundo deveria jogar algum dia. Fico muito feliz que a HBO tenha feito uma série de TV que, com as devidas alterações em virtude da diferença de mídia, conseguiu transmitir a essência da experiência original. Entretanto, também não posso deixar de lamentar o estado deplorável em que este port foi lançado nos PCs. A Sony deveria ter mais cuidado ao colocar trabalhos de portabilidade de IPs tão valiosas nas mãos de empresas como a Iron Galaxy, a mesma responsável pela desastroso port do Batman: Arkham Knight. Acredito que se não fosse por isto, e também pelo preço cobrado que deveria sim ter sido mais baixo uma vez que este é um remake de um jogo de 2013, o título teria obtido a mesma aclamação que tanto recebeu nos consoles desde sua estreia. Ressalvas feitas, meu conselho final é: joguem, vivam toda a jornada do Joel e Ellie, curtam a belíssima expansão Left Behind e assistam o seriado se, assim como eu, quiserem conhecer uma adaptação maravilhosa desta obra-prima.
Posted 3 January. Last edited 10 February.
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29.8 hrs on record
Entre duas almas existe um belíssimo jogo

A minha história com Beyond: Two Souls vai muito além do seu relançamento nos PCs em 2020. Estava eu vivenciando o já longínquo ano de 2013, quando comecei a ser bombardeado por uma cacetada de gameplays dele no YouTube. Na época, fiquei tão impressionado com a premissa da história que, por muito pouco, não enlouqueci querendo comprar um PlayStation 3 (inclusive, ele e outro jogo bem conhecido por aí foram os únicos que alimentaram meu sonho antigo de ter um console). Mas agora, anos depois daquele primeiro contato, consegui comprá-lo, reuni vontade para jogá-lo até o final e… digamos que fiquei mais impressionado ainda.

Beyond segue a história de Jodie Holmes, uma guria que nasceu com seu irmão gêmeo, chamado Aiden, vinculado de forma "metafísica" à ela. Por razões as quais não falarei em virtude de spoiler, a alma de Aiden passa a acompanhá-la em literalmente todos os eventos de sua vida, e o jogo inteiro vai se desenrolando através de suas memórias. Mas ainda bem que nem só de boas premissas vive Beyond, pois ele trabalha muito bem a execução dessa ideia criando situações inusitadas envolvendo a condição paranormal de Jodie.

Alternando o controle de Jodie (em terceira pessoa) e Aiden (em primeira), nós mergulhamos nas memórias de infância, adolescência e vida adulta da protagonista que posso dizer seguramente serem recheadas de tristeza, alguns lapsos de felicidade e muita ação. A abordagem cinematográfica padrão da Quantic Dream, seja colocando barrinhas nos cantos da tela para simularem um filme até a excelente captura de movimento e expressões faciais dos atores, como são na vida real, caiu que nem uma luva tornando a experiência de jogar tão hipnotizante quanto assistir sua série favorita ou grudar no sofá até acabar um ótimo filme.

O charme do jogo, no entanto, fica pelo sistema de escolhas que são bem pontuais e que, por mais que não mudem tanto o fim da história, o resto do jogo pode ficar bastante diferente da gameplay do seu amiguinho. Eu gosto muito quando esses jogos baseados em escolhas tentam sempre tirar lógica e emoção do jogador ao mesmo tempo, sendo este um desafio gigante, e não tentam encher linguiça com situações bem sem graça, por exemplo: "Olá, Jogador Não-Sei-Das-Quantas! No café da manhã você quer tomar café, iogurte ou achocolatado?"... pelo amor, não que não possa ter eventos assim, mas tem uns por aí que exageram demais. Nesse jogo, as escolhas são maravilhosas e a última do jogo... nossa gente! Não exagero quando digo que nunca vi um conceito abstrato ser tão lindamente representando em tela quanto aquele final.

Em relação a dublagem brasileira do jogo, não tenho do que reclamar, todas as vozes dos personagens principais foram feitas pelos seus dubladores oficiais e, acreditem, isso contribuiu 1000% para a imersão do jogo (destaco aqui o dublador do William Dafoe que manda muito bem desde seu papel de Duende Verde nos filmes do Homem-Aranha hahaha). Contudo, algumas vezes a mixagem de áudio se embanana durante o jogo, ocasionando cenas com volume alto e dublagem baixa e vice-versa, mas relaxem que isso não é nada comprometedor.

Por fim, Beyond: Two Souls é um belíssimo jogo que cumpre de maneira eficiente sua proposta de entregar um filme e um jogo com a mesma intensidade, com seus gráficos levemente datados e ainda assim belíssimos, dublagem fantástica e escolhas inteligentes e emocionalmente dispostas, digo que ele é obrigatório para todos que curtem esse estilo ou querem revisitar um dos clássicos da época do PlayStation 3. Atualmente, o jogo possui recursos adicionais bastante interessantes que não haviam no original como um modo de história cronológico, permitindo que você experimente a vida de Jodie linearmente, e, essa que foi de longe a adição mais legal: um modo cooperativo onde você pode revezar os controles da Jodie e do Aiden com um amigo. E aproveitando, quero deixar publicamente registrado meu imenso obrigado pela companhia da minha grande amiga Thais e seu Aiden memorável. Portanto, confiem em mim quando digo que jogar esse jogo com uma pessoa especial potencializa demais a jornada e, sem dúvidas, é a forma que mais recomendo de jogá-lo!
Posted 24 December, 2022. Last edited 7 September, 2023.
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3.9 hrs on record
Tudo na vida tem um preço?

Essa é uma pergunta bastante cabulosa, mas que faz sentido com a proposta desse joguinho independente de terror intitulado Distraint. Primeiramente, deixe-me partir do princípio. Tive o prazer de conseguir essa belezinha inteiramente grátis em algum momento do passado. Tanto esta versão dele pra PC quanto a feita pra celular ficam gratuitas costumeiramente então já fica aqui a dica pra esperar uma dessas oportunidades para consegui-lo (considerando que você não esteja com muita pressa de jogá-lo). E outra coisa interessante foi poder ter conferido toda esta experiência lá no meu singelo canalzinho no YouTube onde dividi o jogo em quatro vídeos pra compor uma série. Caso queira assisti-la, vou deixar o link da playlist aqui.

Mas vamos lá. Distraint. Apesar de não gostar de pontuar a parte estética dos jogos como argumento definitivo por acreditar que cada jogo tem seu próprio estilo, isso foi a coisa que mais chamou minha atenção nele. A animação melancólica, os ambientes escuros, os personagens sombrios. Tudo no jogo é gélido, sujo e depressivo e, aliás, ficam aqui meus créditos para o Sr. Jesse Makkonen que, acredite se quiser, foi o único desenvolvedor envolvido no projeto. Porém, é evidente que esse não é o único ponto positivo desse jogo pois do contrário eu não estaria o recomendando. Sim. As qualidades desse joguinho ainda vão além.

Na história nós controlamos um hipotecário chamado Sr. Price que não tem esse nome por acaso cujo trabalho é despejar aqueles inquilinos que acumulam dívidas e ganhar dinheiro em cima disso. No entanto, um dia ele recebe uma proposta dos seus patrões de que, caso ele fizesse três serviços, iria ser promovido a gerente o que, por consequência, o faria melhorar de vida. O Sr. Price, mesmo sendo assombrado pelos fantasmas dos seus pais e tendo problemas para lidar com as tarefas que lhes eram impostas, continua fazendo seu trampo para conseguir a promoção sem pensar nas consequências.

Distraint não é tão fácil de pegar à primeira vista uma vez que seu conceito, apesar de abordar com clareza o tema "ganância", também dá margem pra uma reflexiva discussão sobre consciência. Aliás, compensa mesmo fazer as coisas pensando apenas no próprio umbigo e os outros que se lixem? O "Senhor Preço" precisou de muito tempo pra responder essa pergunta... talvez até tempo demais. A mescla de abstrações do jogo com essa ideia é a receita desse bolo confuso chamado Distraint. Um bolo que pode não agradar a todos, mas que de longe é o pior bolo que existe nessa padaria.

Por fim, considerando a duração curta, os enigmas com dificuldade oscilando entre média/baixa e o viés filosófico do joguinho, eu acabo por recomendar o Distraint. Não sei explicar o porquê, mas a sensação que tive quando terminei de jogá-lo foi a mesma de concluir a leitura de um conto de suspense satisfatório que, no comecinho ameaçava transpôr uma experiência clichê, mas que conseguiu se provar, ao longo da narrativa, algo mais. Felizmente, esse "algo mais" valeu a pena.
Posted 2 January, 2020. Last edited 24 December, 2022.
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1.2 hrs on record
Quem é o culpado?

Pessoalmente, é meio complicado falar de Blameless tendo em vista que ele está atrelado de forma permanente em minha memória como um dos primeiros gameplays que gravei na vida, o que pode tornar meu julgamento guiado pela ótima sensação que foi gravá-lo mas... vou me esforçar aqui. Pois bem, Blameless é aquele joguinho que é exatamente aquilo que você espera que ele seja quando o vê pela primeira vez: um indie bem feito e curtinho.

No jogo, somos um arquiteto autônomo que acaba sendo sequestrado e mantido em cativeiro por alguém misterioso que o contratou para a construção de uma casa e, logo depois que acordamos, nossa missão é tentar deixar o local enquanto tentamos descobrir o que estamos fazendo na casa e quem é o sujeito por trás de tudo. Jogá-lo é semelhante a ler um conto, com bastante suspense e uma atmosfera típica daqueles filmes de terror sem ficar vomitando jumpscares (cof... Five Nights at Freddy's... cof...) mas com um final bem infeliz e a minha reação no final do vídeo que fiz fala por si mesmo.

Tirando a sua conclusão e iluminação exageradamente escura, Blameless apresenta ótimos aspectos técnicos como a dublagem, os cenários e o climão de mistério em tal ponto que você se deixa levar fácil fácil até o fim do jogo. Considerando tudo de bom e o fato de que ele é um 0800 na Steam traduzido em português brasileiro, vale muito a pena dar uma conferida nele durante uma tardezinha livre e desvendar todo o caso do arquiteto azarado por conta própria.
Posted 17 August, 2019. Last edited 18 May, 2023.
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6.1 hrs on record (5.6 hrs at review time)
Vivendo altas emoções com Capitão Spirit!

Não importa quantas histórias sejam contadas nessa franquia, eu sempre vou ficar impressionado com toda a simplicidade e sutileza que os títulos da franquia Life is Strange transmitem para os seus jogadores contando narrativas lindas e super nostálgicas, e claro não poderia ter sido diferente com The Awesome Adventures of Captain Spirit. Mesmo que esse jogo seja o início de uma nova história fora da saga de Arcadia Bay, eu confesso que não dei a mínima pela ausência dos elementos das tramas anteriores (salvo alguns easter eggs) e acabei me apegando facilmente ao protagonista Chris e seu alter ego, Capitão Spirit.

O desenvolvimento dos dramas de Chris convivendo sozinho com um pai alcoólatra e que, assim como ele, sente muita angústia pela perda do amor de sua vida, dão margem para explorarmos uma complexa fuga da realidade e solidão refletida nas suas ilusões e brincadeiras fingindo ser um super-herói, até mesmo na trilha sonora do jogo com a belíssima música "Death With Dignity" de Sufjan Stevens. Ah! Não tenho palavras para descrever o quão mágico são os momentos de reflexão desse joguinho. Ficar inerte em um lugar escutando faixas hipnotizantes sempre foi uma forte característica dos títulos da série Life is Strange, e ainda ouso dizer que este jogo aproveita tais momentos com a mesma precisão empregada na primeira temporada.

Seja com temáticas inéditas, mais recursos, personagens novos, visual melhorado, músicas incríveis e narrativa de qualidade inversamente proporcional a sua curta duração, The Awesome Adventures of Captain Spirit me deu boas expectativas de jogar Life is Strange 2 onde, inclusive, espero reencontrar o Chris do mesmo jeito que o deixei aqui.
Posted 19 July, 2019. Last edited 24 December, 2022.
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28.1 hrs on record (28.1 hrs at review time)
A jornada pelos corredores sombrios de Amnesia: The Dark Descent

Eu estava com saudades de finalizar um jogo, e tudo é tão mais prazeroso quando o próprio é de grande qualidade. Sim caros leitores(as), concluí minha jornada no castelo amaldiçoado de Amnesia: The Dark Descent depois de muitos anos especulando sobre que infernos esse jogo trazia para que tantas pessoas o citassem em qualquer assunto relacionado a jogos de terror no geral.

É visível que a Frictional Games pegou tudo aquilo que funcionou perfeitamente em Penumbra: Overture e colocou em Amnesia, mas não me parece que tenha sido um trabalho repetido afinal são dois jogos/franquias diferentes, porém senti que esse jogo me agradou muito mais que o primeiro Penumbra e não sei exatamente o motivo, mas achei praticamente tudo incrível.

A história é contada na perspectiva do protagonista Daniel, um rapaz que teve a infelicidade de ficar preso em um castelo assombrado fugindo da escuridão e sem memória alguma do que aconteceu com ele para que estivesse ali... isso é fantástico! Amnesia desenrola uma trama muito bem feita, onde constrói o passado no presente do jogo sem longas cutscenes que nos livre dos perigos do jogo; e quando um jogo de terror consegue fazer isso sem qualquer dificuldade já é algo a se aplaudir de pé.

A atmosfera densa, melancólica e pesada de Amnesia é um ode ao gênero de terror psicológico e se mistura perfeitamente com a trama desenvolvida o que faz o seu ritmo ficar progressivamente tenso. Sério, é quase impossível não ficar hipnotizado com o gameplay do jogo e os gráficos mesmo não possuindo todos aqueles detalhes de um Outlast da vida, não deixam as coisas mais leves.

Os monstros e os perigos do jogo foram a melhor coisa que a Frictional evoluiu do Penumbra: de cachorros acrobáticos engraçados até seres deformados que andam arrastando correntes como uma melodia do capeta ecoando nos corredores mais escuros do castelo. Também é interessante notar o quanto nosso personagem é vulnerável aos inimigos e elementos presentes nos ambientes, não temos absolutamente nada para se defender. Porém não estamos jogados às traças, podemos contar com um fiel lampião alimentado por óleo e acendedores para iluminar ambientes escuros, um inventário com itens coletados dos variados cômodos do castelo e pernas para correr de todo mundo. Tem como morrer por ferimentos, insanidade aguda (caso você resolva admirar a escuridão do jogo ou bater um papo delícia com os monstros) e, o que é mais fácil de acontecer: morrer em eventos surpresa onde somos perseguidos por algum capeta do Mundo Invertido… sempre morri de bobeira nessas partes, principalmente próximo ao ato final do jogo.

Quanto a trilha sonora, no começo ela é mais imponente porém do meio para o final do jogo ela começa a ficar meio repetitiva, mas de qualquer forma isso não prejudicou em nada a minha experiência com o jogo. Os sons dos inimigos e os demais áudios do jogo em geral são bem feitos e, em alguns momentos, chegam a ser perturbadores. Também não tenho do que reclamar a respeito da dublagem dos personagens, destacando a do Daniel cujas narrações são bem vívidas e auxiliadas pelo próprio jogo.

O final do jogo… ou melhor dizendo... finais, deixam brecha para uma sequência mas (repito: mas), toda a história do jogo é redonda, em outras palavras, apresenta uma introdução, um belíssimo desenvolvimento e uma conclusão que nós podemos perfeitamente tomar como final definitivo (seja qual for). Mas já que existe uma sequência chamada Amnesia: A Machine for Pigs, vamos ver o que vai desenrolar aí. Sobre as conquistas do jogo, existem um total de dezessete delas e por terem algumas que são quase inevitáveis desbloqueá-las de primeira, não rolou aquele 100% fresquinho, mas fiz questão de ir atrás de todas só para ficar mais tempo jogando essa maravilha.

E essas foram todas as impressões que eu tive ao finalizar Amnesia: The Dark Descent pela primeira vez. Além da sequência, existe uma expansão de conteúdo anexada ao jogo base intitulada Amnesia Justine e, aproveitando que ainda estou respirando esses novos ares de jogos concluídos e na vibe do Amnesia, não tardarei a jogá-la. E já falando de conteúdo extra... tá louco, né? Não vou nem entrar no mérito de contar quantas histórias personalizadas — vulgo custom stories — foram criadas baseadas na engine do jogo. Sempre dou muito valor para esses jogos que inspiram a criação de outros afinal, o que seria de Cry of Fear sem o Half-Life?

Por fim, não consigo expressar o quanto estou feliz em arquivar este jogo agora com o gratificante sentimento de saber que ele foi o que eu sempre esperava: um clássico do seu gênero.
Posted 19 August, 2018. Last edited 24 December, 2022.
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8.6 hrs on record (8.0 hrs at review time)
Durma bem, Bob

Ahhh jogos de puzzle! Como não gostar deles? E quando encontramos um que mistura quebra-cabeças com sonhos? Pois é, esse é o cerne e o charme desse singelo joguinho intitulado Back to Bed. Abordar o tema de sonhos é algo que sempre acho interessante de se ver em qualquer mídia, pois é algo deveras confuso e bastante presente em nossas vidas, todavia o intuito de Back to Bed não é aprofundar esse conceito apresentando uma mega história alà A Origem, mas sim fazer uma brincadeira criativa com os elementos lúdicos dos sonhos.

A história do jogo é contada através de imagens e é bastante simples. Logo na introdução, conhecemos o personagem Bob, Bob é um homem que sofre de uma doença chamada narcolepsia, que é um distúrbio de sono que faz com que a pessoa durma... excessivamente. Porém, Bob também é sonâmbulo a vida dele deve ser tensa né e costumeiramente vaga entre seus sonhos e é aqui onde o jogo começa.

Nós não jogamos com Bob, mas sim com o seu subconsciente, e se quer algo mais abstrato do que isso saiba que ele possui a forma de um cachorro. O nosso único objetivo é guiar o "sonâmBobolo" de volta para a sua cama presente em cada uma das 30 fases do jogo. E quando digo guiar, é no sentido mais literal possível da palavra! Bob está sempre em constante movimento e nós temos que fazer com que ele vá encontro com objetos e outros elementos do ambiente para alterar sua direção e ir fazendo isso até que, finalmente, ele chegue (não tão) são e salvo em sua cama.

Todas as 30 fases de Back to Bed são divididas em dois níveis, um é fácil e o outro é mais complicadinho. Em todos eles temos que fazer sempre a mesma coisa, porém com o ambiente sempre propondo um desafio diferente, que vão tornando-se cada vez mais complexos à medida o jogo vai progredindo. Não apenas os caminhos que levam Bob até sua cama ficam "menos óbvios", como também o jogo coloca inimigos que ficam "passeando" pelo cenário. Se Bob cai da borda de qualquer fase: ele volta ao início da mesma, e caso se vá de encontro a um inimigo: ele acorda. Esses inimigos variam de despertadores barulhentos até... trens-baleia (isso mesmo que você leu).

Em contrapartida, nós, meros subconscientes desse preguiçoso, também recebemos ajuda em cada fase. E quando um narrador de voz esquisita não nos fornece uma dica, podemos sempre contar com objetos móveis no cenário: maçãs, pontes de madeira em forma de peixe, espelhos que agem como portais (referência entendedida com sucesso) e até a não-gravidade do mundo lúdico de Bob, que nos permite andar por algumas paredes e até cair de lado. Mas se fosse destacar a melhor ajuda do jogo, certamente escolheria a mecânica de previsão de passos do Bob. Sim! Nós podemos pré-visualizar o percurso de Bob de uma distância relativamente curta o que mais facilita do que complica nossas vidas dentro desse mundo.

O jogo é bem inventivo porém isso se mantêm até certo ponto. Digo isso por que quando chegamos no segundo e último nível do jogo, os desafios ficam ligeiramente repetitivos, principalmente pelo design semelhante de algumas fases. E falando dessas mesmas fases: não achei nehuma delas muuuuuuuuito desafiadora; elas só ficam complicadas mesmo caso você tente desbloquear a conquista "Corredor", onde é necessário completar todas as 30 fases em menos de 45 minutos, mas tirando isso é até bem de boas.

Em síntese, Back to Bed não é um grande título com gráficos da última geração que vai fazer sua vida virar do avesso de uma hora para outra, mas é um bom jogo de puzzle que trabalha em cima de um tema incomum para o seu gênero e que trás uns desafios criativos o bastante para matarem um tempinho. Esse foi o primeiro trabalho que conferi da desenvolvedora Bedtime Digital Games e posso dizer que tive uma ótima primeira impressão. Para aqueles que desejam adquiri-lo, recomendo que só o façam quando estiver em promoção.
Posted 9 July, 2018. Last edited 24 December, 2022.
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31.3 hrs on record
Um belíssimo conto de fadas interativo

Sabe aqueles contos de fadas bem antigões com histórias encantadas que sempre terminavam com uma moral? Pois é, a impressão que fica depois que joguei The Night of the Rabbit é que ele parece que foi recortado de um conto bem redondinho com toda sua história, personagens e ambientes. Este jogo do gênero point and click foi o meu primeiro e feliz contato com um trabalho desenvolvido pela Daedalic Entertainment, que é mais conhecida pelos seus outros jogos como, por exemplo, Deponia. Mas deixem-me tratar desses jogos em suas análises específicas.

The Night of the Rabbit conta a história de um jovem chamado Jê Avelano que sempre teve o sonho de se tornar um mágico até que um belo dia, conhece um coelho mágico que o leva até outro mundo e lhes apresenta o trabalho de Viajante das Árvores, um tipo de mago que é capaz de viajar entre mundos paralelos através de árvores-portais. Porém, Jê precisa completar um intensivão mágico (*risos*) para tornar-se um legítimo Viajante das Árvores enquanto algumas coisas estranhas e malignas vão acontecendo na jornada do rapaz.

A história do jogo, que enquanto resumia no parágrafo acima percebi tardiamente que têm um "quê" inconfundível de Alice no País das Maravilhas, oferece bons e maus momentos que são levados mais em conta pelos personagens. Tirando alguns seres mágicos bem aleatórios, confesso que gostei da grande maioria os personagens pelas interações envolta de suas perceptíveis diferenças sejam lagartos malucos, anões sem seso humor (meus favoritos), lebres esquisitas, ratos peculiares e etc. A ótima dublagem do jogo é carregada de sotaques característicos dos personagens e, mesmo não curtindo muito alguns pigareios da voz do rapaz que dubla o Jê, deu pra deixar uns momentos mais engraçados.

Falando da jogabilidade, o sistema de apontar e clicar é intuitivo mas passei por umas ocasiões que ele mais confundiu do que me ajudou; Jê anota tudo o que aconte no jogo em um diário que não serviu de nada pra mim, nem ao menos transcreve as anotações que encontramos ao longo do jogo, ao invés disso, é necessário abrir o inventário para ler as anotações com o Jê falando em voz alta... Too bad :-T

Com relação aos puzzles — aspecto esse que considero o charme dos jogos point and clicks —, The Night of the Rabbit apresenta desafios em grande parte criativos mas cuja as soluções de um ou outro é tão sem nexo que considero esse a maior falha desse jogo. Tudo bem que o tema é "mágica" e você pode apelar para uns enigmas mais "voadores", mas agora consegui solucionar um deles em uma pura sequência de tentativas aleatórias aí já é demais. E não! Não estou exigindo que o jogo seja fácil ou que dê mais dicas, o bom mesmo é quando botamos a cabeça pra funcionar na marra, mas é sério: alguns enigmas desse jogo simplesmente não fizeram sentido.

O visual do jogo desenhado à mão e as animações foram muito bem feitos, na verdade, faz muito tempo que não vejo um joguinho bidimensional tão caprichado e as poucas cutscenes parecem coisa de filme de tão bem produzidas, e quanto a trilha sonora original de The Night of the Rabbit... caras... foi uma das, senão "a" melhor coisa que gostei desse jogo, ela é espetacularmente linda e faz a gente ficar mais envolvido naquele típico clima animado de contos de fadas. Deixo registrado aqui os meus sinceros parabéns aos compositores!

Em linhas gerais, The Night of the Rabbit pode não ser um jogo perfeito, mas apresenta muito mais qualidades positivas do que negativas. É uma jornada mágica, engraçada, levemente sombria e muito caprichosa que, com muita certeza, todos os amantes de point and clicks vão adorar experimentar. O jogo deixa espaço para uma sequência que não sei se algum dia será feita mas que, se acontecer, jogarei com todo o maior prazer do mundo.
Posted 31 March, 2018. Last edited 25 August, 2023.
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33.5 hrs on record (18.6 hrs at review time)
Não tema os mortos, tenha medo dos vivos

Sempre fui fã de carteirinha das primeiras temporadas da série de televisão The Walking Dead e (com exceção de algumas obras derivadas como Fear The Walking Dead) tudo relacionado a esta franquia costuma cair facilmente em meu gosto, mas afinal, qual é a coisa que destaca The Walking Dead de outras inúmeras mídias e jogos que envolvem o tema zumbis vide Resident Evil, Left 4 Dead ou Dead Rising? É o desenvolvimento de personagens e suas ações perante o colapso do mundo qual nós conhecemos hoje. E é com imenso prazer que afirmo que esse jogo da Telltale Games lançado em 2014 aborda justamente esta questão.

The Walking Dead acompanha a história de Lee Everett, um ex-professor de História que praticamente de uma hora para outra, se depara com o mundo tomado por um apocalipse zumbi, desnorteado com tudo o que está acontecendo ao seu redor, ele não tarda a encontrar uma garotinha no meio da bagunça toda, ela se chama Clementine e aparenta estar tão preocupada com a situação quanto ele. Tá, mas qual é o nosso papel nisso tudo? Na pele de Lee, nós devemos tomar todas as decisões que acontecem na trama e fazer de tudo para que tanto ele quanto Clementine fiquem a salvos neste mundo cruel.

O jogo, à grosso modo, é um point and click e nós nos limitamos a pegar e coletar alguns itens pelos cenários, andar por eles e a principal ferramenta do jogo: dialogar com outros personagens; eu digo que esta é a ferramenta principal pois esse jogo é baseado nas escolhas que fazemos. Fácil né? Sim, de fato a jogabilidade é muito simples, mas não se iludam, a coisa toda é difícil. As escolhas sempre tentam colocar a personalidade que espelhamos em Lee à prova de fogo e podem, em diversos casos, definir a vida e morte de um personagem que conhecemos ou nos importamos. E ao longo dos cinco episódios do jogo, ficamos cada vez mais vinculados a saga de Lee e Clementine em mundo sem esperanças, ao mesmo tempo em que as pessoas que vamos conhecendo pelo caminho também acabam ganhando nossa afinidade.

Os mortos-vivos estão por toda parte, e por mais que o jogo tenha lá seus momentos de ação com eles à moda quick time events meu memorável trauma de Resident Evil 4, eles não são o foco principal aqui, mas sim a nossa sobrevivência em meio ao egoísmo e medo de pessoas vivas, que estão dispostas a fazer de tudo para verem o Sol brilhar mais uma vez, e quando digo de "tudo", estou usando o sentido literal dessa palavra. Todas as nossas escolhas tem um limite de tempo predefinido para serem feitas, uma sacada que dificulta ainda mais nosso pensamento perante elas nos incapacitando de pensar nas consequências, essas que sempre nos alcançam no futuro. Então ressalto: não é um jogo fácil.

Ainda que a estrutura de The Walking Dead seja linear em diversos pontos da história, sinto que o peso de tudo aquilo que vamos decidindo com o Lee fazem a experiência valer a pena de qualquer forma. Não sei explicar muito bem como isso acontece, mas estou tratando de um jogo que chega em um nível onde até os personagens que a gente tacha de "chato e irritante" por um longo tempo, nós acabamos nos apegando a eles também. Queremos que todo mundo a nossa volta fique vivo e bem e sempre existe um grande esforço para fazermos a melhor escolha para todos, porém o jogo garantirá que isso não aconteça, ao menos não sem um preço.

Achei tudo muito bem feito: visual (que faz você se sentir em uma história em quadrinhos), personagens e suas dublagens, a mecânica de escolhas com um tempo limitado e consequências que realmente pesam, trilha sonora e etc.., tirando um probleminha ou outro de textura sumindo durante algumas cenas do jogo, não me surpreende ele ter sido tão destacado em 2012. "Ah! mais eu não gosto desses joguinhos chatinhos sem ação!", poxa pessoal, dá uma chance, variem ao menos um pouquinho, da mesma forma que o universo da série, existem muitas coisas excepcionais por aí e esse jogo vale cada segundo investido!

Eu sou apaixonado por jogos que sabem contar uma história interessante, com personagens que acabam nos envolvendo e que tenha seus grandes momentos que o fazem algo único e original, e só a razão de saber que esse título foi o precursor de outros futuros grandes jogos da Telltale como The Wolf Among Us já me deixa ainda mais contente de ter apreciado esse grande jogo. Por fim, recomendo-o para todos que quiserem provar uma experiência pós-apocalíptica pouco convencional, focada na história e na sobrevivência de todas as pessoas que encontramos em um mundo sanguinolento e injusto. Se você procura por ação desenfreada e cabeças de zumbis rolando na tela em frequência de microssegundos: esse não é o jogo ideal pra você!

Estou bastante curioso para jogar as continuações dessa temporada que espero, do fundo do meu coração, demonstrarem a mesma proeza de qualidade que este jogo incrível possui.
Posted 26 December, 2017. Last edited 25 August, 2023.
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"This is a triumph!"

Pois é, o título desta análise já resume bem o que achei do jogo. Portal é um jogo de puzzle que aborda (de maneira excepcional) a mecânica de viajar entre dois portais, e é aqui onde está a essência do jogo: portais. O modo como eles funcionam e os pequenos detalhes como gravidade, impulso e etc.., deixaram o jogo com uma qualidade imensurável. Sério, é difícil perceber que ele foi construído no motor gráfico de Half-Life 2.

"Então é só isso? Esse jogo mistura puzzles com portais e bum... clássico? Por quê?", por que ele faz isso de maneira totalmente original, nunca - eu repito, nunca — tinha passado por uma experiência lógica de puzzles como tive que passar enquanto jogava Portal. E não bastasse isso, o jogo possui uma história incrível, e uma "história por trás da história" mais incrível ainda.

Dentro do jogo, conhecemos dois personagens apenas: nós - a protagonista muda - e a GLaDOS - uma inteligência artificial maluca que controla o teste que estamos fazendo -, e na medida que vamos avançando pelas câmaras de teste do jogo, acabamos descobrindo coisas no mínimo suspeitas no local onde estamos. Você fica na dúvida se, de fato, aquela IA é sua amiga... ou não. Perguntas e mais peguntas começam a surgir em nossas cabeças e, quando nos damos conta, percebemos que Portal definitivamente NÃO trata-se apenas de um jogo de puzzles, ele é algo mais e você sente isso enquanto o joga.

Foi por isso que me apaixonei pelo jogo, eu fiquei maravilhado com o lance dos portais, os personagens, os puzzles, a inesperada história, a característica trilha-sonora... Tudo isso me pegou de surpresa como um balde de água fria e, bem, conto no dedo todos os jogos que fizeram me sentir assim. Tirando sua duração curtinha, não tenho absolutamente nada para reclamar à respeito de Portal. Ainda que eu seja apaixonadamente apaixonado pelo Portal 2, sei muito bem que ele não seria nada sem este aqui. Se você nunca jogou nada dessa franquia confie em mim quando digo para você começar por este.

Afirmo sem medo de ser feliz que este é um dos melhores jogos que já joguei na minha vida; Portanto sim, eu o recomendo um milhão de vezes para todos aqueles que anseiam/sabem apreciar um ótimo jogo de puzzle com uma história bem fora da caixa (ou seria cubo? :v). E digo mais, de todas as franquias da Valve, Portal e tudo relacionado a ele estará sempre em meu coração... com ou sem o bolo.
Posted 10 December, 2017. Last edited 24 December, 2022.
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