Life is Strange pode não ser necessariamente o melhor jogo que já joguei na vida mas é o jogo que fez-me apaixonar por videogame e, principalmente, por jogos de escolha. Devo muita coisa a este jogo, inclusive uma parte de minha pele que tatuarei com a sua mais marcante frase "This action will have consequences..." (Edit da análise: Fiz a tatuagem há quase um ano, está no meu antebraço. Sou uma mulher de palavra)

Como o próprio nome já diz, LIS é um jogo sobre as estranhezas da vida, coisas mundanas que poderiam acontecer na vida de uma pessoa real; no caso do primeiro jogo, as incongruências de uma amizade verdadeira e no segundo, racismo. Tudo isso com um toque de ficção e poderes mágicos.

O jogo deixa uma tatuagem em nossos corações. Uma obra-prima merecedora de todos os prêmios recebidos ao longo de sua existência. Uma das maiores experiências da minha vida e recomendo até mesmo para minha mãe. Lindo.

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Droga, é irônico eu ter falado tudo o que disse acima e, logo no primeiro ponto, expor um defeito do jogo (e único, diga-se de passagem). Life is Strange é um jogo de escolhas sem escolhas. Ao inserir-se por completo na jogatina, o que eu recomendo que o faça, terá a mesma falsa sensação que eu tenho de estar fazendo escolhas, mas não estamos. A questão na qual abordei nas demais análises de LIS é que as decisões, em todos os jogos dessa saga, independem do banco de dados do game, da escolha dos produtores ou quaisquer outros termos técnicos; e sim dependem da sua insertação e nos assuntos que o jogo aborda; também, dos seus valores, crenças, princípios, da sensação de estar fazendo o certo. Se jogar o jogo com o coração, da maneira que ele deveria ser jogado, com certeza usufruirá muito da experiência que ele tem a lhe ofertar.

Há quem diga que os personagens são genéricos e estereotipados: as patricinhas são muito patricinhas, os nerdolas muito nerdolas e por aí vai mas, sinceramente? Para mim, essa foi uma das melhores escolhas que poderiam tomar. Não acredito que os personagens sejam tão moldados em caixinhas como mencionei, mas carregam sim consigo certo grau de exagero de personalidade. Esta, que trabalha muito bem em prol da história. Possuo um carinho sem igual por todos os personagens desse game, mesmo os mais inesperados. O arco de cada um agrada-me imensamente e não tenho do que reclamar já que são tão apaixonantes. Vai me dizer que estou errada quando Chloe é uma rebelde com problemas de depressão, ansiedade, dependência emocional, toda errada, e ainda assim é a personagem mais amada dentre todos os jogos. Mais que isso: ao pensar em Life is Strange, pensam, de imediato, na nossa zoadinha da cabeça de cabelo azul?

Torna-se ofensivo proferir algo sobre as músicas de Life is Strange quando ainda não foram criadas palavras na língua portuguesa ou em outra para expressar tamanha a grandiosidade e qualidade presente em cada verso, trecho e nota delas. Não direi nada para não desonrar desmerecidamente tamanha qualidade e excelência dos alternativos e punk rocks que mais escuto cotidianamente, mas preciso atiça-los a ouvi-los, todos eles, sem exceção. Ouça aqui <3.[open.spotify.com]

Coloquei para baixo e pouco desenvolverei um tópico tão pouco importante. Os gráficos não são AAA, mas não são necessários. O trabalho de voz dos dubladores é tão impecável que atribuímos aos personagens facetas que eles não apresentam no momento apenas desfrutando do drama apresentado. Poucos polígonos são utilizados mas devo ressaltar o quanto gosto do trabalho de captura de movimento (não facial) de toda a peça.

Andar pra frente, apertar dois botões, andar mais um pouco pra frente...

Nunca falei sobre esse tópico antes pois infelizmente não jogo muitos jogos que apelem para a arte, sensibilidade, emoções... Em sua maioria, o quão real um jogo pode ser. Mas a desse aqui... absolutamente não se deixa passar em branco. A história escrita é linda mas toda a arte subjetiva fixa ela em nossas mentes e corações. Desde o design da cidade, a escolha de músicas, as linhas propositalmente tortas que ladeiam os objetos, até elementos de história como no episódio cinco que PRECISA de uma menção especial. Os pássaros batendo contra as janelas e enchendo a sala de vermelho, os pesadelos da Max passando por uma ponte e - apesar de também ver - ouvindo suas memórias... aquilo é lindo em um nível que não sei dizer. Se eu fosse estudante de arte poderia aperfeiçoar dizendo algo com teoria das cores e o porquê de tocar nossa alma de tal jeito, mas como não sei, ficarei como mera espectadora que é atingida pelos efeitos da mesma.

Não vou falar nada da história de um jogo de história, certo? Não seria legal. Apesar de eu amá-la optarei por ficar quieta e deixar com que, quando você estiver jogando, sinta por conta própria. Só não desista antes, vá até o final.

Um jogo de escolhas que não possui tensão falhou em ser um jogo de escolhas. é necessário para gerar dúvidas cruciais e nesse jogo aqui é onde eu mais sinto isso. Contradizendo o que mencionei no primeiro tópico, mesmo sabendo que, no final, terei as mesmas duas escolhas que todo mundo, sinto-me apreensiva com o que poderá acontecer. Principalmente ao decorrer dos episódios onde esse sentimento paira não só nas decisões mas também por toda a gameplay. Ficamos querendo saber o que há, o que acontecerá a seguir e isso é imprescindível.

É isso, joguem.