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Ib é um dos clássicos jogos de terror feitos no RPG Maker 2000 e foi um dos primeiros que conheci por meio do Alanzoka lá em 2012. Como eu não tinha um PC na época, passei vários anos apenas assistindo a gameplays ou jogando a versão gratuita pelo emulador mobile (EasyRPG). Agora, anos depois, tive a oportunidade de finalmente jogá-lo no PC e optei por comprar o remake como forma de apoiar o desenvolvedor que criou um dos jogos da minha vida.

AVISO: ESSA REVIEW TEM SPOILERS, SÓ LEIA DEPOIS DE JOGAR OU SE JÁ JOGOU O ORIGINAL. (Apenas pule para as considerações finais pra não receber spoilers)


Esse é o ponto mais forte do jogo, junto com sua história. A arte é bem característica e bonita, conseguindo transmitir perfeitamente a vibe necessária. A pixel art, em particular, está entre as melhores desse tipo de jogo. Como Ib se passa em uma galeria e aborda o tema da arte, ele utiliza muito bem a teoria das cores para despertar emoções, mesmo que de forma inconsciente no jogador, por meio das cores das áreas e dos próprios personagens. Por exemplo, o amarelo representa felicidade e inveja (Mary), enquanto o azul simboliza melancolia, calma e isolamento (Garry).

As músicas são extremamente boas, visto que boa parte são, na verdade, músicas clássicas, como a música de introdução do jogo, a de game over e a da galeria serem, respectivamente, "Prelude In C Minor" e "El Sueño de la Muñeca", do violonista Agustín Barrios, e "La Folia", de Corelli. Também há músicas gratuitas, como Old Puppet (ou Old Doll), mas mesmo as músicas originais são extremamente boas. Somando tudo isso, o jogo oferece uma das melhores atmosferas entre jogos do mesmo tipo.


A trama gira em torno de Ib, uma jovem garota que visita uma galeria de arte com seus pais. Após olhar um quadro bizarro, percebe que está sozinha em um mundo com as artes da galeria ganhando vida. A história é simples, curta, direta e extremamente bem executada, e eu amo cada um dos personagens. Ib pode ser descrito como um jogo trágico, pois, independentemente do final, alguém entre os três personagens principais acaba morrendo (ou até mesmo os três, no pior dos casos).

A galeria em si funciona como o vilão: os personagens são lançados nesse cenário e precisam lidar com a situação. Todos, sem exceção, são vítimas desse lugar, como o desejo de Mary de ir para o mundo real por ter sido abandonada pelo seu "pai", ou as alucinações de Ib e Garry. Até me dou o direito de parafrasear uma frase muito icônica do jogo sobre isso: "Se sua mente muito sofrer, você logo começará a alucinar... E, no fim, ela acabará por se romper. O mais preocupante ainda é que você nem se dará conta desse fato."

O jogo tem 10 finais, que são obtidos através das diferentes formas como você trata os personagens, sendo 4 variações do mesmo final ruim (Ib Completamente Sozinha), 2 finais da rota da Mary (O Falecimento de uma Pintura e Bem-Vinda ao Mundo de Guertena), 2 finais da rota em que o Garry morre (Retrato Esquecido e Juntas, pra sempre) e 2 finais da rota em que o Garry vive (Recantos da Memória e Promessa de Reencontro). Posso falar sem medo que todos os finais, até mesmo os tristes, são extremamente memoráveis, com destaque para o considerado final verdadeiro (Promessa de Reencontro).


Bem, mas o que o remake tem de diferente do original? O remake trouxe mudanças interessantes e melhorias, mas manteve a essência inteira do original.

Na parte mecânica, alguns puzzles foram simplificados ou substituídos, tornando o jogo mais acessível, já que, no original, havia puzzles extremamente não intuitivos. Os saves agora apresentam uma foto do local onde você salvou, junto com o contador de artes vistas. Também foram adicionadas funções práticas, como a opção de ampliar a tela para apreciar melhor a pixel art e a possibilidade de conversar com os personagens da party. Essa última foi, sinceramente, a melhor adição do remake, já que agora há muito mais falas relacionadas aos personagens, com reações para praticamente todas as salas e pontos-chave com que você interage. Além disso, o maldito bug que fazia o jogo travar na história do livro foi arrumado. Algumas formas de conseguir finais mudaram levemente, mas nada radical (na duvida, usa um guia da steam).

Na parte artística, a maioria das músicas permaneceu igual. Notei apenas que a música da Mary foi substituída. Pessoalmente, prefiro a antiga, mas a nova também é boa. O estilo de arte foi mantido, embora a maioria das artes (como as de diálogo) seja nova, só que agora com a resolução bem melhor. Apesar disso, sinto que a atmosfera do original ainda é um pouco melhor, mas acho que isso é mais uma questão de gosto pessoal. Recomendo o remake para todos que amam o original, pense nele como uma versão polida do jogo clássico.


Esse é o jogo que despertou minha paixão por jogos feitos no RPG Maker. Foi o que me levou a conhecer outras obras, como OneShot, Omori e Hello Charlotte. É um jogo que me marcou profundamente, mas, mais do que isso, é extremamente divertido e simples de jogar. A atmosfera é cativante e perturbadora, mas sem recorrer a exageros psicodélicos como Yume Nikki. A dificuldade é extremamente baixa (na minha opinião) e o ritmo é bem consistente, tanto que consegui completar 100% das artes da galeria e os 10 finais em apenas dois dia jogando.

NOTA: 100 de 10! Recomendo que todo mundo jogue pelo menos uma vez na vida. Se você tiver condições, compre o remake. Caso contrário, jogue a versão gratuita.

Obrigado por ler tudo!